sábado, 12 de julho de 2008

Alimentos especiais

Alimentos funcionais: Prebióticos e Probióticos
Tradução e adaptação: Mário d’Araújo

Introdução

Recentemente surgiu, de forma positiva, entre os criadores dedicados à Ornitologia Desportiva ou não, que já utilizam ou experimentaram o uso de algum Probiótico nas suas aves, o desejo e a necessidade de saber o que são e como actuam os Prebióticos no organismo dos pássaros em cativeiro.

Pela novidade do tema e a importância de que para “melhorar a saúde, evitar o ‘stress’, retardar o envelhecimento e proporcionar uma óptima qualidade de vida às aves de companhia” pode implicar o recurso e uso de algum Prebiótico ou Probiótico. Daí este trabalho de pura e simples divulgação.

Começaremos pela definição da palavra Prebiótico, segundo a Dra I. Goñi da Faculdade de Farmácia da Universidade Complutense de Madrid, que nos diz que é “o ingrediente alimentar não digerível, que afecta de forma positiva o seu consumidor estimulando de forma selectiva o crescimento e actividade de um número limitado bactérias benéficas residentes no intestinoI”, que no nosso caso são as aves.

Para terminar acrescentaremos que a palavra Probiótico é definida, pelo Prof. B. Mayo do C.S.I.C. das Astúrias, como “suplementos alimentares com bactérias vivas que contribuem para o equilíbrio microbiano do trato intestinal”.

Há já mais de duas décadas que se conhece a utilização dos lactobacilos intestinais, se bem que actualmente se utilizem muitas outras estirpes de ‘bons’ agentes microbianos.

Resumindo, cremos que se pode dizer que os Prebióticos e os Probióticos formam um conjunto de elementos conhecidos que se denominam como alimentos funcionais, já que são “ingredientes alimentares que produzem efeitos benéficos para a saúde”, o que permite entender como é possível actuar de forma natural e benéfica na melhoria do sistema imunitário das aves de modo a evitar, adiar ou reduzir os efeitos nocivos das doenças, melhorando assim a qualidade de vida dos exemplares mantidos nos nossos viveiros.

Antioxidantes nutricionais

A informação e a experiência sobre o uso e utilização em aves de cativeiro do Prebiótico pelo ornitólogo Alfonso B. García, é muito recente que o mesmo só pôs em prática depois de ter lido um artigo “O regresso ao império do natural” da Dra Elinor McCartney.

O prebiótico é um extracto de citrinos bioestabilizados, que disponibiliza uma elevada percentagem de Bioflavenóides e Ácido Ascórbico (Vit. C), entre outros componentes naturais próprios dos citrinos.

Foi uma firma da especialidade que disponibilizou o contacto da sua veterinária especializada em nutrição animal, Dra Marta Navarro, possuidora de um alto nível técnico-científico, a qual por sua vez facilitou toda a informação a Don Alfonso B. García sobre os benefícios que pode trazer o referido Prebiótico como complemento da alimentação das aves.
E com a assessoria da Dra Marta Navarro, Don Alfonso B. García iniciou uma série de experiências práticas da aplicação do Prebiótico correctamente doseado e misturado com a papa de criação.

Os resultados iniciais mostraram-se de todo positivos o que o levou à redacção de um trabalho que considera interessante para todos os que se dedicam à Ornitologia Desportiva ou não.

Em qualquer viveiro podem ocorrer uma série de situações capazes de introduzir elementos patogénicos infecciosos que podem provocar ‘stress’ social ou ambiental suficiente para incrementar as patologias das nossas aves.

Estas circunstâncias podem ser:
chegada de aves novas, adquiridas por compra ou trocas com o fim de melhorar o grupo de reprodutores ou de reduzir a consanguinidade
participações frequentes das nossas aves em concursos ou exposições
excesso de visitas às nossas instalações
a aquisição de novas misturas de sementes ou outros alimentos
mudanças bruscas de temperatura e outros factores do tratamento diário

E além disso se possuímos um exemplar que pela sua importância genética, a sua capacidade reprodutora, a sua beleza fenotípica, a qualidade de canto, no caso dos canários, a beleza da forma ou da postura, começamos, sem dar por isso, a dar-lhe mais atenção, muitas vezes com sentimentos à mistura, o que lhe provocará uma envelhecimento precoce e os tornará mais vulneráveis aos efeitos negativos citados anteriormente.

O envelhecimento das aves em cativeiro não se pode considerar uma doença mas sim com uma perda progressiva e imperceptível da capacidade de adaptação, consequência de uma deficiência funcional dos seus diferentes órgãos, ou seja, um síndrome geriátrico.

As mais recentes investigações mostraram que os antioxidantes nutricionais naturais, têm capacidade suficiente para prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida dos seus consumidores. Tem cada vez mais adeptos a ideia de que a administração prolongada de um suplemento ou ingrediente adicional antioxidante na dieta diária, é passível de potenciar os mecanismos de defesa natural das aves.

O Prebiótico, utilizado neste ensaio, é um produto de origem natural obtido a partir de quatro variedades de citrinos: a Tangerina, a Laranja, o Limão e a Toranja, todos eles ricos em bioflavenóides, vitamina C e ácidos gordos polinsaturados, que actuam no organismo da ave de forma lenta mas progressiva e continuadamente.

A associação dos bioflavenóides com a vitamina C possui efeitos sinérgicos que potenciam a sua actividade metabólica antioxidante. O primeiro nível de actuação do produto realiza-se no trato digestivo, onde exerce uma função reguladora da flora intestinal que por sua vez protege as mucosas digestivas.
Depois de absorvido protege o sistema imunológico das aves o que melhora a resposta do organismo contra o ‘stress’ e as doenças.

Passadas duas semanas de administração do Prebiótico, foi observada uma modificação nas fezes das aves: mais compactas (menos líquidas do que o normal), apesar de mantida a dieta habitual, com a dose diária de alface e maçã.
Assim, Don Alfonso B. García, constantou que:
que o ‘odor típico dos viveiros’, consequência da acumulação, semanal, de fezes nos tabuleiros do fundo, diminuiu consideràvelmente, apesar das temperaturas de Verão
que as fêmeas alimentavam os filhotes normalmente e estes apresentavam um desenvolvimento normal
que a muda decorria sem problemas e as aves de factor vermelho assimilavam perfeitamente os pigmentantes à base de caroteno durante a mesma
não ocorreram baixas superiores ao normal durante o período de criação e todas as aves, jovens ou adultas, mostram alegria e saúde cantando, boa pigmentação e plumagem brilhante

Por tudo isto e pela parte prática atrás descrita, acreditamos que a administração de Prebiótico nos ajudará de certeza a controlar as patologias intestinais das nossas aves, a estimular o sistema imunitário, a reduzir o ‘stress’ ambiental e a retardar o síndrome geriátrico, melhorando pois a saúde das nossas aves.

Conclusões

Para terminar poderemos dizer que com esta experiência de Don Alfonso B. García não nos devemos esquecer que a arte de curar com elementos naturais originários do reino vegetal, é tão antiga como a própria humanidade, aquilo a que chamamos de Fitoterapia.

As técnicas actuais permitem melhorar o conhecimento e o uso destas substâncias naturais para nosso benefício, o que nos facilita a reserva de substâncias sintéticas, como os antibióticos, para combater situações infecciosas concretas e graves, reduzindo a hipótese de resistência bacteriana a esses mesmo antibióticos.

Consideramos de todo importante que todos os aficcionados pela criação de aves, quer a nível desportivo ou só pelo prazer da sua companhia, obtenham o máximo de informações que demonstram a vantagem da utilização dos Prebióticos.


marioadearaujo@gmail.com

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